[
Uma das coisas que impressionam quando se chega à ilha de
Bali, Indonésia, uma das principais atrações turísticas do mundo, é o trânsito.
Nada mais caótico que a circulação em Denpasar, a capital, e nos bairros e
vilas do entorno, inclusive em Seminyak, onde trabalho, e Umalas, onde moro. O
mais marcante é que o transporte coletivo praticamente inexiste. As principais
formas de transporte público em Denpasar e redondezas são os ônibus,
micro-ônibus e os bemos. E, por
incrível que possa parecer, as pequenas motos ou scooters. Mas não há um transporte público.
É por isso que os meios coletivos funcionam em rotas
pouco definidas dentro ou entre as cidades. Mas se não há transporte coletivo, ter
seu próprio transporte pode ser arranjado facilmente: há bemos, carros, motos e bicicletas para alugar em todos os cantos.
Ônibus de turismo, que correm entre grandes centros turísticos são mais caros
do que o transporte público, mas são definitivamente mais confortáveis e práticos,
principalmente por causa do ar condicionado, imprescindível em Bali.
Uma explicação a respeito dos bemos, nome que se dá a qualquer veículo que é utilizado como meio
de transporte público, que é normalmente uma perua (mais modernamente uma van) com uma fila de assentos baixos de
cada lado. É uma das maneiras práticas de conhecer os locais, mesmo que sejam
quentes, empoeirados e com cheiro da fumaça do motor movido a Diesel.
É fácil alugar um bemo
ou minivan em Bali e é uma razoável maneira de viajar para qualquer lugar com
um grupo ou família. Não há nenhuma preocupação em ter uma licença ou seguro, o
motorista pode até ser um profissional (quase nunca é...), especialmente em
Denpasar ou cidades maiores, onde falam Inglês e você não precisa se preocupar
com o trânsito horrível.
Mas as motocicletas são o que
mais impressiona no trânsito balinês. Conhecidas como
skuter ou
sepeda motor, elas
são uma massa amorfa dentro do trânsito caótico de Denpasar. Elas e seus
pilotos estão em toda parte, nas avenidas e ruas (as
jalans), nas calçadas, nas vielas, nas servidões que formam intrincados
labirintos em praticamente todas as quadras. São corredores que muitas vezes
não ultrapassam um metro de largura.
São essas motos o meio mais
popular de transporte de Bali. A principal vantagem de viajar em uma moto é a
flexibilidade enorme. É fácil parar onde quiser e recomeçar sua jornada sempre
que você escolher. A maioria não tem motor com mais de 200 mililitros (200ml)
de capacidade e são extremamente econômicas —pode-se encontrar vendedores de petrol em garrafas de vodka Absolut em
cada esquina.
Todo mundo tem uma skuter
em Bali, mesmo os mais ricos. É possível alugar uma delas em qualquer lugar da
cidade: tem um estabelecimento de locação desses veículos em cada quadra. O
custo de contratação de uma motocicleta é negociável em Bali e varia de acordo
com a condição da máquina, tempo de aluguel e época do ano. Compra de seguro é
uma boa ideia para evitar ser responsável por danos, mas é bom não se esquecer
de testar o veículo para verificar que tudo está em boas condições de
funcionamento.
Nos meus mais de 280 (desde dezembro de 2012) em Bali,
ainda não vi um acidente de moto na cidade. E olha que os condutores são
extremamente abusados e não têm o menor medo dos carros. Eles entram em
qualquer lugar, andam em qualquer via, inclusive calçadas, e param em todos os
lugares (e sem qualquer proteção contra roubo —estacionam, desligam e pronto!).
Mas parece haver uma cortesia não acordada, que faz com
que todos, pedestres, motoqueiros e motoristas, se respeitem no trânsito apocalíptico,
atropelado e desarranjado. Praticamente não se vê acidentes e quase não existem
carros com sinais de batidas. Se não há transporte coletivo, o transporte
exclusivamente individual é predominante. E as onipresentes motos são os astros
principais do universo do trânsito balinês.
Luca Maribondo
Umalas | Bali
11/jan./2014